Convidada a guiar uma visita à exposição Construções Sensíveis: a Experiência Geométrica Latino-Americana na Coleção Ella Fontanals ­– Cisneros no CCBB Rio de Janeiro, a pesquisadora Eloisa Brantes tece seu percurso a partir da movimentação do corpo do espectador. Em cada sala visitada, os participantes receberam uma proposta de interação diferente, que, de alguma forma, alterava a percepção e a fruição das obras. Conforme destaca a pesquisadora, o movimento expande nossas possibilidades de relação com a arte, desviando-nos do olhar, sentido mais comumente utilizado, e, com isso, removendo o visitante de sua posição de espectador passivo.

Na primeira sala, os participantes foram convidados a dançar com alguma obra. Cada um em seu tempo, exploraram relações de equilíbrio e desequilíbrio do corpo a partir das formas das obras. Na sala seguinte, a proposta de mediação pelo movimento é o gesto. Por meio do gesto, Eloisa convida os espectadores a refletirem sobre cores na arte e na sociedade. “Como nos descobrimos negros? Como nos descobrimos brancos?” Cada visitante é estimulado a pensar em sua experiência pessoal a partir das obras de arte e de sua interação com elas.

As demais salas foram percebidas sonoramente, em dimensões rítmicas, e também a partir do silêncio, usando um algodão para tampar os ouvidos. Eloisa trabalhou ainda a respiração, seguindo o movimento de obras de arte cinéticas, as relações com outros corpos, por meio de uma visita em que os espectadores permaneceram de mãos dadas, e, finalmente, propôs uma movimentação livre na última das salas visitadas. Como finalização, a artista convidou os participantes a refletirem sobre as possibilidades de interação com as obras e com os outros em um espaço museográfico.