“Paul Klee é uma das figuras que me libertou de uma certa de ideia de perfeição”, conta Fernanda Pitta, ao iniciar sua participação na edição de abril de 2019 do
Com a Palavra
, do Programa CCBB Educativo – Arte & Educação, ao longo da qual propôs uma visita especial à exposição “Paul Klee – Equilíbrio Instável”, então em cartaz no CCBB SP. Curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo e professora de História da Arte do curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola da Cidade, também em São Paulo, Fernanda conduziu o grupo de visitantes pelas galerias do centro cultural, direcionando seus olhares aos contextos de produção do artista suíço, bem como a possíveis interpretações que suas obras suscitam.

“Klee era o típico artista experimentador que sempre investigou e buscou novos meios para se expressar. Quando integrou o grupo Cavaleiro Azul, durante a década de 1910, atuou como um dos grandes promotores da arte de vanguarda sem responder a um estilo em particular, mas em diálogo com as tendências que estavam em voga na época. As publicações feitas pelo grupo mostram o interesse por fenômenos artísticos não europeus e, principalmente, não eruditos”, comenta.

Fernanda pontua, por exemplo, o interesse do artista pela arte popular, a arte feita por crianças, aquela dita primitiva e também pela expressão dos que não eram considerados “normais”. “O encanto dele está muito mais atrelado à expressão humana e artística do que a um modelo estético específico. A capacidade de expressão e invenção é inerente a todo ser humano. Não é a desenvoltura que lhe chama a atenção, mas a possibilidade de dar a ver o que se imagina”, assinala.

Segundo a curadora, isso se reflete no trabalho de Paul Klee na medida em que o artista usa de artifícios para fazer com que o espectador seja envolvido por sua obra. Por exemplo: quando utiliza poucos traços para representar determinada figura, ele está convocando o público a uma interação direta com o quadro. A esse respeito, ela pontua que não se trata de ser minimalista ou atender a um estilo de pintura, mas, por outro lado, convocar o espectador a decifrar a obra e compreendê-la de outras maneiras.

“Seu objetivo maior é o de experimentar uma maneira de se comunicar a partir da linguagem não figurativa. Ao invés de pensar e responder a uma linha de desenvolvimento da arte, ele demonstra maior interesse por pensar a imagem de forma aberta e tê-la reimaginada por quem a observa. Essa talvez seja uma das maiores contribuições de Paulo Klee para a Arte Moderna”, conclui Fernanda Pitta.