A cantora e compositora Thábata Lorena foi convidada para dividir sua impressão, como artista, sobre a exposição “Jean-Michel Basquiat: Coleção Mugrabi”, exibida entre abril e julhode 2018 no CCBB DF. 


A visita tem início com uma canção entoada para o artista, lembrando a força e o potencial existentes na arte; que marca impressões no espaço e no tempo, influenciando muitas gerações seguintes. Thabata percorre as obras de Basquiat explorando sua relação com a cidade e o cenário cultural ao qual o artista pertencia, que, representados em pequenos detalhes, costuram a linguagem estética de sua obra. Para a cantora, ele foi capaz de trazer a linguagem do hip hop e do rap para o alto escalão das artes visuais, começando pelas intervenções em que utilizava linguagem da pichação de modo estratégico, chamando atenção para o território e utilizando a cidade como inspiração.

“Basquiat surge como o novo, utilizando novos instrumentos para expressar o sentimento vivido na cidade, que muitas vezes é desconexo, confuso, sobreposto ou sujo. Ele consegue expressar esse sentimento e criar peças que representam o momento que vivia, uma arte que nos aproxima de sua realidade”, afirma a cantora. Em sua visão, o artista transporta a efervescência artística das ruas para os espaços de arte e galerias, questionando o que era a arte até então e também questionando o próprio posicionamento dentro da sociedade nova-iorquina. “Com essa ousadia ele conseguiu abrir muitos espaços e ser o primeiro artista negro a expor quadros no contexto elitizado das artes plásticas”.

Se a arte vai expressar um tempo, ela também tem que refletir o momento em que estamos vivendo, e, para Thabata, isso se traduz na representação do negro como figura central. “Jean-Michel Basquiat era um questionador por natureza, um homem muito parecido com o nosso tempo, com uma realidade muito próxima da nossa, muito presente. Homens e mulheres negras são retratados em seu trabalho, de modo que ele dá uma permissão poética para quem veio do hip hop existir esteticamente”, observa.