Com o objetivo de comemorar o 6º aniversário do CCBB BH, a edição de agosto de 2019 do Com a Palavra… recebeu a arquiteta Eneida Bretas e o gestor cultural Carlos Nagib para conduzir uma visita especial às instalações do histórico edifício que abriga a instituição, situada no Circuito Cultural Liberadade, em Belo Horizonte. Ambos trabalharam trabalharam na reforma que transformou o prédio da Secretaria de Justiça do Estado de Minas Gerais na sede mineira do Centro Cultural Banco do Brasil, inaugurada em 2013.

“Ao longo de toda a obra, trabalhamos a partir de uma perspectiva crítico-criativa. Desse modo, nosso trabalho foi o de modernizar o prédio, cuja construção data de 1930, sem deixar de preservar elementos patrimoniais. Esse tipo de interferência deveria ser feita com cautela, mas sem inviabilizar o projeto”, explica Eneida, gestora na área de engenharia e arquitetura do Banco do Brasil.

Para ela, o projeto de reforma arquitetônica conseguiu preservar grande parte dos elementos originais da construção, dentre os quais o piso, a pintura e os ornamentos artísticos. “A maioria dos elementos decorativos foram preservados. Além disso, tudo que sofreu algum tipo de mudança, como nas galerias, onde derrubamos paredes, pode voltar a ser como era antes, na medida em que a nossa reforma deixou no prédio vestígios de como ele era antes de ser alterado”, analisa.

Eneida Bretas também destaca que a reforma, iniciada em 2009, também teve como premissa adaptar o prédio em relação à acessibilidade. “Ainda que a gente não tenha seguido as normas da ABNT à risca por conta de limitações impostas pelo patrimônio, conseguimos tornar esse espaço próprio para receber pessoas com necessidades especiais”, analisa.

Os convidados conduziram o público pelas galerias do centro cultural, que na época se preparava para receber a exposição “Paul Klee – Equilíbrio Instável”. Por lá, Eneida e Nagib destacaram a importância de algumas adaptações para a nova função do edifício, assim como do dinamismo como uma característica de qualquer espaço voltado a receber exposições de arte, já que cada curadoria os utiliza de uma maneira distinta. “Para isso, nós instalamos drywall, uma solução encontrada para controlar a iluminação das salas. Além disso, os tetos foram rebaixados e as paredes, que normalmente recebem as obras, também são próprias para serem pintadas de acordo com cada mostra”, conta Eneida.

O teatro como desafio

A maior modificação, segundo ela, foi feita para construir o teatro que abriga 300 lugares. Para essa obra, foi necessário demolir áreas de três pavimentos do prédio. “Este teatro é uma caixa preta, toda fechada, que permite toda a possibilidade de iluminação. Além disso, ele dá à classe artística toda a possibilidade de criar uma peça de teatro, como for preciso”, conta Eneida.

“Quem o projetou queria justamente que o público se sentisse mais íntimo do público, e por isso o palco é mais baixo do que o normal”, explica Carlos Nagib, primeiro gestor do CCBB BH. “Isso também permite que a caixa cênica dê mais possibilidades para os artistas. Todo artista que se apresenta aqui elogia e destaca que a proximidade com o público é o grande diferencial desse espaço.”