Estamos no CCBB RJ. Finalizamos os preparativos. Palco montado, cheio de coisas, como enfeites, instrumentos de percussão, cores e tudo mais, num dia de casa cheia. Estamos bem em frente ao cinema, no térreo. Passagem de som: instrumento um, bem rapidinho tocou-se apenas apenas a sanfona, cantarolando “Asa Branca”. Alguém pergunta: ‘“Mas já acabou?“. Alguém responde: ”Mas já vai começar”. Tudo alinhado, 15 horas em ponto. O público termina de se acomodar. Começa então a contação de histórias musicadas.

Todos sentados para assistir ao show. Atentas e atentos. Entram em cena a cantora Carol Gomes, o sanfoneiro Antônio Ziviani e o percussionista Tiago Batistone. Integrantes do projeto Arrastapezinho, eles foram os responsáveis por conduzir o Múltiplo Ancestral de outubro de 2019, como parte do Programa CCBB Educativo – Arte & Educação.

A música faz o corpo dançar, se mexendo até mesmo no chão. Dia 12 de outubro, Dia das Crianças, 30 anos do CCBB RJ e, ainda por cima, abertura de exposição. Todo o prédio se move ao ritmo das músicas de Luiz Gonzaga e Dominguinhos. O som ecoa por todo lugar: seja na fila para retirar ingresso, na fila para entrar na exposição e até mesmo na fila para entrar na fila. contação da contação

Precisamos contar o público da contação. Quem é público? Só os que estão parados assistindo? Os que passaram e balançaram a cabeça conforme o som? Os que pararam, olharam e se foram? Os nossos olhos acompanham os visitantes, e o dedo aperta o contador. Tic-tic-tic-tic. O som se confunde com o da apresentação. Difícil saber quem é quem.

Pouco a pouco, as pessoas sentadas no chão se levantam. Os educadores puxam a galera pra dançar ao som da festa junina. Abre-se uma grande roda. As pessoas presentes começam a cantar, dançar e brincar. Uma grande roda junina é formada, mesmo que seja outubro.

Mas tudo o que é bom dura pouco. A música começa a ir embora, os tchaus vão tomando o lugar das contações. O show está terminando. O movimento lento e quase choroso da sanfona despede-se do público. Mas, antes disso, uma grande salva de palmas.

Um salva de palmas contagiante, alegre e muito representativa de tudo o que passou. Um gostinho de quero mais fica no ar. O público foi se espalhando, e os artistas permanecem no palco, arrumando as coisas, desmontando o cenário, bebendo água e respirando o que passou. Isso foi só uma palhinha dos 30 anos de histórias desse lugar.