Quando pensamos em animais, montanhas, rios, árvores e florestas, é normal acreditarmos que tudo isso faz parte da natureza, já que, desde pequenos, nos ensinaram que o natural é o conjunto daquilo que existe sem a ação humana; e o cultural engloba tudo o que o homem produziu. É senso comum dizer que os seres não humanos fazem parte da natureza, enquanto a cultura pertence somente a nós, os humanos.
Entretanto, em grande parte das comunidades indígenas, essa distinção tão precisamente colocada entre a natureza e a cultura não faz muito sentido! Para muitos povos que vivem no território brasileiro, os seres da natureza são parte da sociedade humana: os rios são parentes, as árvores são avós e os jabutis constroem vizinhanças; um entendimento de mundo muito diferente do nosso, que nos leva a crer que a natureza está a nosso serviço.
Até mesmo a Floresta Amazônica, que sempre pensamos ser um ambiente natural intocado, só existe hoje porque foi fruto do cuidado de diversos povos indígenas ancestrais que, junto com os animais, manipularam e cultivaram espécies que atualmente nos servem de alimento e medicação.
Se pensarmos como esses povos, veremos o quanto a ideia de que não fazemos parte da natureza (e que podemos, portanto, explorá-la livremente) não só não faz sentido, como também acelerou as diversas crises ambientais que presenciamos hoje. Reconhecendo a importância de mantermos relações de cumplicidade com os seres não humanos que habitam nosso mundo, as atividades a seguir nos revelam que a natureza é parte da cultura, e a cultura não pode ser separada da natureza – essa que é uma biblioteca viva com a qual temos muito a aprender.