As imagens e os sons são meios através dos quais nos relacionamos com o mundo.

Ver, muitas vezes, significa conhecer. Evidenciar, descobrir, observar e refletir são apenas alguns dos verbos vinculados à visão cujos significados também estão atrelados ao conhecimento.

É por meio das imagens, também, que muitos estereótipos são criados. Seja pela imprensa, pelo cinema, pela televisão ou pelas redes sociais, nós somos constantemente treinados a identificar e classificar as outras pessoas pelas imagens que elas carregam. A cor da pele, o tipo de cabelo, o tamanho do corpo e a indumentária vão muitas vezes ser suficientes para criarmos ideias sobre as pessoas que estão à nossa volta.

Mas a escuta, e portanto, o som, também tem um papel importante nesse processo. Os sons são capazes de provocar fortes sensações, podendo nos deixar eufóricos, melancólicos ou em estado de alerta, só para citar alguns exemplos. Imagine você em casa, tarde da noite, prestes a dormir. De repente, você escuta um som estrondoso de vidro quebrando. Por mais que você não veja o que aconteceu de fato, aquele som é suficiente para fazer nosso coração disparar, nossas pupilas dilatarem e o nosso corpo suar, ativando em nossa memória a ideia (e até mesmo, a imagem) de uma situação de risco.

Mas para além desse mecanismo de defesa, o som serve para transmitir ideias, mensagens e memórias, como acontece na história oral e nos cantos indígenas, capazes de reconstruírem, imageticamente, paisagens que talvez nós nunca tenhamos presenciado. Assim como vemos para crer, escutamos para imaginar.