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ARTE E
EDUCAÇÃO

Escrita

Oralidade

Poderia a oralidade registrar conhecimentos, assim como acontece na escrita? Poderia a escrita improvisar com a mesma potência da oralidade?

Vivemos em uma sociedade marcada fortemente pelos valores ocidentais modernos, onde, ao longo da história, a escrita foi se tornando o principal meio de registro e transmissão do conhecimento, deixando a oralidade cada vez mais em segundo plano. 

Músicas, danças e histórias orais – elementos que desde sempre serviram para preservar a memória coletiva de diversas comunidades tradicionais – foram desprezadas  pelos colonizadores europeus quando eles chegaram às Américas. Ao afirmarem que tais práticas não eram formas válidas de conhecimento, os europeus reiteravam que o passado dos povos indígenas havia desaparecido, uma vez que eles não tinham escrita. No entanto, povos antigos como os Astecas, os Maias e os Incas praticavam a escrita mesmo antes da chegada dos europeus, mas ela nunca substituiu a importância da oralidade, que servia como principal meio de transmissão dos conhecimentos escritos. Da mesma forma, várias comunidades no Brasil se apropriaram da escrita, mas sem relegar a oralidade à margem: para os povos de terreiro, por exemplo, a voz e o corpo também participam da transmissão do conhecimento, da memória e da aprendizagem dos mais novos – e, em muitos casos, são até mais usados que a própria escrita. 

Se a escrita oferece um registro material da história, que persistirá mesmo após a nossa existência; e o dinamismo da oralidade nos permite ampliar nossa consciência da memória coletiva; tecer diálogos entre essas duas práticas é um exercício de invenção urgente e necessário, capaz de desafiar a preponderância dos modos canônicos de registrar e transmitir conhecimento.